CURSO DE APERFEIÇOAMENTO
ARGUMENTAÇÃO E ATIVIDADES INVESTIGATIVAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS
AS AULAS SERÃO INICIADAS NO DIA 07 DE ABRIL AS 08:00
Período: 07/04/2018 a 01/09/2018
Carga Horária: 200 h.
Público Alvo: Professores de Ciências da Natureza da Educação Básica, Licenciados em Química, Física ou Biologia e Pós-graduandos em Ensino de Ciências
APRESENTAÇÃO – Justificativa e objetivos
Nas últimas décadas, no campo da Educação em Ciências, o interesse pela linguagem e interações discursivas que se desenvolvem no plano social da sala de aula tem se fortalecido, materializando-se em diversas pesquisas e propostas pedagógicas com variados enfoques. Do ponto de vista do entendimento acerca da construção de novos significados neste espaço, a interação emerge como unidade de análise. Com relação à aprendizagem que se busca promover nos alunos, a linguagem adquire papel fundamental, considerando-se que a apropriação das concepções científicas presume o uso adequado e mesmo frequente de termos que lhes são característicos. Como afirma Lemke (1990), aprender ciência é aprender a falar ciência, o que pode ser entendido como fazer ciência por meio da linguagem que lhe é particular. Portanto, além da apropriação de conceitos-chave, aprender ciências presume a compreensão da sua dimensão discursiva e argumentativa, tendo-se em vista que a Ciência se desenvolve por meio de práticas discursivas específicas, fazendo uso de uma linguagem particular e, portanto, de um modo particular de ver, compreender e falar sobre o mundo.
Considerando-se que o argumento e as práticas argumentativas são uma atividade central na Ciência, justifica-se a inclusão da argumentação como uma atividade central também na Educação em Ciências. Kuhn (1993; 2010), por exemplo, apresenta a noção de “ciência como argumento”, ou a visão de que a Educação em Ciência deve proporcionar não apenas o domínio de conceitos científicos, mas a apropriação do discurso científico.
Além de possibilitar que os alunos vivenciem as práticas e os discursos da ciência real, aprendendo sobre a ciência, van Eemeren et. al. (1996) destacam outros pontos que justificam a importância do desenvolvimento da argumentação em sala de aula, tendo em vista a elaboração de conceitos e o desenvolvimento de habilidades. Os autores consideram que: a construção de argumentos pode tornar o pensamento dos alunos mais visível, representando uma ferramenta de avaliação e auto avaliação; a argumentação ajuda os alunos a desenvolver diferentes formas de pensar, bem como promove uma participação mais ativa dos aprendizes e uma interação maior no contexto da sala de aula e, através da argumentação aprendizes de ciências podem se tornar produtores do conhecimento acerca do mundo natural e não apenas consumidores.
Pensando-se em um processo de ensino-aprendizagem desenvolvido em torno da argumentação, um grande desafio que aí se encontra é prover os professores de estratégias para lidar com as ideias dos alunos e fomentar a argumentação em suas aulas. Como discutido por Duschl (2008), isso envolve uma mudança do foco de ensino sobre o que o aluno conhece para como o aluno conhece e por que ele acredita que conhece, envolvendo uma diferente cultura de sala de aula e de ambiente de discurso.
Apesar do montante de pesquisas e recomendações em documentos oficiais para a inserção da prática argumentativa em salas de aula de ciências, isso é ainda muito pouco verificado em nosso país. Entendemos que há ainda muito a avançar nesse sentido, sobretudo em cursos voltados para a formação de professores, pois a dinâmica discursiva que se instaura em uma sala de aula depende fundamentalmente da atuação do professor. O que se observa na maioria destes ambientes são aulas centradas na figura do professor, que não contribuem para a capacidade de argumentação dos alunos. Nesse sentido, verifica-se que os professores pouco experimentam situações em que possam manter cadeias de interação de natureza dialógica. A habilidade do professor nesta tarefa requer formação teórica e prática cotidiana reflexiva para capturar e compreender os pontos de vista dos alunos e trabalhar com feedbacks que possam fomentar uma maior discussão e reflexão sobre ideias alternativas e outros tópicos que eles trazem para a sala de aula. O fato de não terem se preparado para tal estratégia e não trabalharem nessa direção fazendo uso de abordagens autenticamente interativas dialógicas, vai impedindo que os professores se tornem hábeis nessa tarefa. Associado a esse aspecto, há ainda concepções de ensino-aprendizagem pautadas no modelo transmissão-recepção que subjazem a estruturação dos currículos de ciências em grande parte das escolas no Brasil.
É importante considerar, portanto, que a argumentação deve ser debatida na formação de professores de ciências. Todavia, a pesquisa sobre a argumentação na formação de professores ainda é recente e carece de alguns referenciais, sobretudo de ordem analítica. (MUNFORD et. al., 2005; ZEMBAL-SAUL et. al., 2008).
Nessa perspectiva, o curso proposto tem por objetivo fornecer a professores de ciências (Química , Física e Biologia) a fundamentação teórica voltada para as interações discursivas e argumentação em salas de aula de ciências, aliada à apresentação, discussão e desenvolvimento de atividades didáticas que favoreçam a instauração de um discurso argumentativo nestes ambientes. Partimos do princípio de que a argumentação não se instaura em qualquer estrutura de ambiente de aprendizagem, de modo que o curso investirá fortemente na abordagem de estratégias e materiais didáticos que favoreçem a instauração dessa prática, dando subsídios para que o professor possa adquirir habilidade para conduzir atividades nessa direção em suas salas de aula, a fim de propiciar aos seus alunos tanto uma melhor compreensão dos conceitos científicos como a percepção da natureza discursiva e argumentativa que permeia a construção de conhecimentos na ciência real.
O curso faz parte de um projeto de pesquisa que envolve professores e alunos de três programas de pós-graduação em ensino de ciências do país: O Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática – PPGECIMA da Universidade Federal de Sergipe – UFS, o Programa de Pós-Graduação em Educação para a Ciência da Universidade Estadual Paulista -UNESP/ Bauru e o Programa de Pós-Graduação Interunidades em Ensino de Ciências da Universidade de São Paulo – USP/São Paulo. Com efeito os professores formadores fazem parte desses três programas de pós-graduação. Aliado nesse projeto encontra-se ainda o Colégio de Aplicação da UFS, o qual servirá de locus preferencial de desenvolvimento das Sequências de Ensino Investigativas planejadas ao longo do curso.
O curso será desenvolvido por meio de encontros presenciais quinzenais, aos sábados, as quais serão intercalados por reuniões virtuais em que os cursistas discutirão sobre as leituras e questões propostas pelos professores formadores, apresentarão seus pontos de vista e dúvidas e receberão auxílios para desenvolvimentos das atividades demandadas.
Abaixo apresentamos a ementa e os critérios de avaliação, tendo em vista o objetivo acima já apresentado.
EMENTA:
Percurso histórico e epistemológico para a configuração de uma perspectiva sociointeracionista na Educação em Ciências;
As interações discursivas no ensino no Ensino de Ciências
Sequências de ensino investigativas: pressupostos e estruturas
Argumentação em salas de aula de ciências; Histórico, ambientes favorecedores de argumentação, estratégias e materiais didáticos voltados para as práticas argumentativas.
AVALIAÇÃO
Os professores cursistas serão avaliados por meio das seguintes atividades
- Fichamento dos textos e/ou respostas às questões propostas para discussão (15%)
- Participação nos debates e discussão nos encontros presenciais (15%)
- Proposta de atividade investigativa com foco na argumentação: apresentação oral e material instrucional (35%)
- Artigo teórico ou empírico tratando sobre argumentação. (35%)
PROGRAMAÇÃO
Abaixo apresentamos o cronograma do curso, considerando os encontros presenciais. Os encontros virtuais serão acordados com os professores cursistas oportunamente.
OBS: O cronograma pode sofrer alterações em acordo com os participantes.
CRONOGRAMA DO CURSO – encontros presenciais
Semana | Data | Tema/Conteúdo | Carga horária |
1a
| 31/03 |
| 08 (presencial) + 08 (discussão on-line) |
2a
| 14/04 | Interações discursivas em salas de aula de ciências: Referenciais teóricos e estruturas analíticas |
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3a
| 28/04 | Atividades investigativas e práticas epistêmicas no Ensino de Ciências |
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4a | 12/05 | Argumentação na Educação em Ciências |
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5a | 26/05 |
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6a | 02/06 |
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7a | 16/06 | Elaboração de propostas de Sequências de Ensino Investigativas que fomentam a argumentação |
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8a | 14/07 | Discusão sobre as propostas de Sequências de Ensino Investigativas dos professores cursistas |
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9 | 28/07 | Discussão sobre as propostas de Sequências de Ensino Investigativas dos professores cursistas |
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| Agosto | Aplicação das SEIs nas escolas |
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10 |
Setembro | Discussão sobre a aplicação nas SEIs e encerramento com entrega dos relatórios/artigos pelos alunos |
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EQUIPE
- Adjane Da Costa Tourinho e Silva (Codap – PPGECIMA/UFS)- Coordenadora e ministrante
- Divanízia do Nascimento Souza (DFI- PPGECIMA/UFS) – Coordenadora Adjunta e ministrante
- Veleida Anahi da Silva (DED – PPGECIMA/UFS) – Comissão organizadora e ministrante
- Ayslan Sobral Rezende (PPGECIMA/UFS) - Comissão Organizadora e Ministrante
- Gleice Prado Lima (PPGECIMA/UFS)- Comissão Organizadora e Ministrante
- Daniela Lopes Scarpa (USP)- Palestrante
- Lúcia Helena Sasseron (USP)- Palestrante
- Maísa Pereira de Jesus (Externo) - Palestrante
- Marcelo Tadeu Motokane (USP) - Palestrante
- Maria Clara Pinto Cruz (Faculdades PIO X) - Palestrante
- Roberto Nardi (UNESP) - Palestrante
- Mesaque Andrade das Neves (DQI/UFS) - Monitor
- Zuleide Alves (DQI/UFS) – Monitora
Inscrições: 10/03/2018 a 24/03/2018 , via sigaa