Sex, 29 de julho de 2022, 09:10

UMA FORMA MAIS SAUDÁVEL DE SE RELACIONAR UTILIZANDO A COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA (CNV)
Falar, ouvir, escrever, ler, conversar! Nos comunicar é uma necessidade humana para vivermos bem em sociedade.

Você sabia que existem formas mais saudáveis de conversar para diminuir os conflitos e mal-estar gerados pela falta de compreensão na comunicação? Uma dessas formas é a Comunicação Não Violenta (CNV). A CNV propõe uma nova forma de se relacionar e se comunicar com os outros, utilizando honestidade e empatia.

Já percebeu que geralmente nos comunicamos utilizando ataques ou nos defendendo?

TODOS NÓS podemos nos comunicar de uma maneira que possamos expressar o que estamos sentindo e sermos honestos com nós mesmos e com os outros. A ideia é FOCAR NA SOLUÇÃO e não no problema existente.

A CNV nos ensina que o objetivo principal da comunicação é a cooperação. E que podemos basear a nossa comunicação por meio de quatro ações:

  1. Observar sem julgar;
  2. Reconhecer e nomear os sentimentos;
  3. Identificar a necessidade não atendida em você e no outro;
  4. Dizer em forma de pedido uma necessidade (não exigir).

Como observar sem julgar? Fale apenas sobre o fato, o que aconteceu, a situação. Não fale sobre a pessoa. É importante se atentar a não usar marcadores de tempo, intensidade e rótulos, pois são rudes e vão atrapalhar a comunicação, exemplo: "falei todos os dias para não entrar com os sapatos dentro de casa", “sempre é assim”, “você nunca faz nada que eu peço”, “quantas vezes preciso repetir isso?”, “é a centésima vez que te peço isso”, “você é muito desorganizado”, “você é preguiçoso”. Troque o julgamento e apresente o fato, por exemplo: “vi que você deixou os livros espalhados na sala”, “observei que você não cumpriu o que combinamos do horário de chegar em casa! ”.

Como conversar sem gritar, xingar ou com qualquer forma de agressão? Você tem direito de sentir o que sente, seja raiva, mágoa, chateação ou tristeza. Avise que naquele momento não está em condição de conversar. Se você notou que é a outra pessoa que está assim, peça um tempo para quando se acalmarem conversarem. Vale a pena esperar um pouco, acalmar, para organizar as ideias e então iniciar uma conversa, focando na solução do fato que nos fez ficar mal. Fale de si, de como se sente, não do outro e assim ele ouvirá com maior atenção. Exemplo: “me senti magoada, por ter esperado mais de uma hora para almoçar com você”, “me senti triste por ver a sala desarrumada”.

Como saber o que de fato quero resolver? Já notou que às vezes reclamamos, reclamamos, reclamamos e não sabemos de fato o que queremos? Depois de entender como você está se sentindo e o outro também, se pergunte o que você precisa para ficar melhor, qual ação pode resolver a situação? A conversa precisa ser clara, e pedindo ideias. Abrindo e expondo nossas necessidades, sem criticar a outra parte. Exemplo: “Vi a sala com os livros espalhados, me senti triste e angustiada com a desorganização, gostaria de ter na sala apenas as coisas que pertencem a ela.”, “me senti magoada, por ter feito a comida que você mais gosta e não poder almoçar com você, eu gostaria da sua companhia ou saber se não poderá vir”.

Como fazer um pedido com gentileza? Com a voz calma e sem aumentar o volume peça de forma afirmativa o que deseja. Exemplo: “da próxima vez que não vier almoçar, assim que puder, por favor, me avise”, “quando terminar de estudar, guarde seus livros no seu quarto”.

Como saber se o que foi pedido foi só um pedido ou uma exigência? Vai da reação da pessoa, caso o outro não atenda. Se reage com raiva ou chateação, foi uma exigência. Se compreende e pensa em outras formas de solucionar a necessidade, é um pedido.

Lembre-se de não bloquear o diálogo! Quando interrompemos, desvalidamos a dor do outro, competimos com problemas, demonstramos pena ou damos conselho não solicitado, o outro pode querer parar a conversa, por não ficar bem.

Todo comportamento agressivo é exposição de uma necessidade não atendida. Aprender a nos comunicar melhor muda nossa forma de ver e lidar com o outro. Todos temos a capacidade de ter uma comunicação não violenta, cabe a nós praticarmos as 4 ações da CNV. Esqueceu? Acabou brigando e discutindo? Respira fundo, você já relembrou que pode ser diferente, fique atento para da próxima vez usar as bases da CNV: observação, sentimento, necessidade e pedido.

Texto elaborado por:

André Oliveira Silva

(Professor de Física do CODAP/UFS)

Christiane Ramos Donato

(Professora de Ciências biológicas do CODAP/UFS)

Referências:

ROSENBERG, M. Vivendo a comunicação não violenta. Tradução de Beatriz Medina. Rio de Janeiro: Sextante, 2019.

SANTOS, E. Educação não violenta: como estimular autoestima, autonomia, autodisciplina e resiliência em você e nas crianças. 7.ed. Rio de janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2020.


Atualizado em: Sex, 29 de julho de 2022, 09:46
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